domingo, 19 de maio de 2013


COMO RESPONDER AO SEMI-ARIANISMO


Deus é único


Embora o semiarianismo diga que haja “duas pessoas divinas dignas de adoração”, também afirmam que somente o Pai é o “único Deus”. Se o único Deus é exclusivamente o Pai, todos que adoram Jesus estariam errados, inclusive o próprio semiarianismo[1]. Pois só há um “único Deus” digno de adoração. Mas a Igreja Cristã sempre adorou o Filho, Jesus Cristo. Errou a Igreja ao adorar Jesus? Se a Igreja cristã primitiva adorou Jesus não é porque ele é de fato o “único Deus”?! A Bíblia em parte alguma sanciona a adoração a dois deuses. Portanto, a única conclusão possível, em harmonia com a revelação é afirmar que Jesus é o único Deus (junto com o Pai e o Espírito Santo no mistério da Trindade).


Como os antitrinitários não aceitam o mistério Trinitariano  precisa assumir que o Filho é “outro deus” distinto do Pai. Por mais que digam que ele é semelhante ao Pai, que tem o mesmo poder ou natureza divina, ainda assim será outro Deus, pois o conceito que sustentam do divino Filho é que Ele não é o Deus único, mas um Deus gerado (nascido); portanto o Filho teve início, o Pai não; assim, o Filho será sempre um segundo deus, diante do Deus Pai, que é o Deus ingênito e absoluto, que nunca nasceu e nunca foi causado por outro Deus.


Quantos deuses verdadeiros existem de fato? Como os semiarianos irão responder “claramente” esta pergunta? Se disserem que só há um “o Pai”, estará negando o Filho, que também é Deus (João1. 1) e é adorado (Heb.1.6). Seria o mesmo que falar uma meia verdade. Se disserem “dois”, estão falando uma heresia, pois só há um único Deus verdadeiro (Deut 6.4). Os semiarianos não escrevem em seus livros e web sites que adoram dois deuses, mas seus ensinos não deixam dúvida; adoram dois deuses. Assim, negam aquilo que básico na doutrina de Deus, que Ele é único. É incrível como não se dão conta que “adorar dois deuses” é incompatível com as Escrituras.


Se há uma doutrina básica na Bíblia esta é que Deus é um ser “único”. Não há dúvida. O Novo Testamento ampliou o Antigo Testamento em muitos aspectos, inclusive na doutrina de Deus. Algum pode negar isso? Quantas pessoas divinas eram adoradas no AT? Uma única pessoa, o Pai ou Javé. Hoje, com a luz do NT, quantas pessoas divinas um semiariano adora? Duas: o Pai e o Filho. Houve um progresso na compreensão de quem é Deus? O NT trouxe uma nova luz sobre a doutrina de Deus? Está provado que sim.


A Igreja Cristã precisou explicar essa nova prática de adorar a Jesus à luz da doutrina do único Deus sem entrar em contradição.  E hoje, tudo que os trinitários e antitrinitários disserem sobre Deus, precisa estar em harmonia com a revelação básica “Deus é único”. Caso o Novo Testamento viesse a ensinar que há outro Deus verdadeiro além do único e verdadeiro Deus, o Criador; estaria em completa contradição com a Revelação anterior. Desta forma, toda Revelação cairia em descrédito, pois ela é de Deus e a verdade não pode ser contraditória. Como os semiarianos dizem que Jesus não é o Deus único, mas um deus gerado que recebeu sua divindade por concessão (ou participação) do Pai, logo, creem em dois deuses; Um Deus Pai que gerou outro Deus, o Filho. São, portanto, dois Deuses. Ao tentar serem fieis ao princípio do único Deus  (é o Pai), e ao mesmo tempo justificar a adoração a Jesus, não conseguem fazer com coerência e criam dois deuses.


 Vamos tentar ilustrar as duas doutrinas de Deus. A Trindade diz que “há três pessoas divinas, coeternas; consubstanciais, compartilhando uma única essência – um só Deus”; e o semiarianismo, que ensina que há dois seres divinos, o único Deus o Pai e o Filho foi gerado.


Doutrina da Trindade=UM DEUS (TRES PESSOAS)=MONOTEÍSMO
Doutrina semiariana=DOIS DEUSES - MAIS DE UM DEUS=POLITEÍSMO





Que posição doutrinária se harmoniza com a Bíblia? A Trindade ou o semiarianismo?


Como saber se uma doutrina sobre Deus é verdadeira ou herética? Primeira coisa a fazer é descobrir se ela harmoniza-se com a verdade que Deus é “único”. Nenhuma doutrina verdadeira negará isto. Nenhum outro deus pode haver ao lado do único Deus[2]. Nunca por toda eternidade surgiu (criado ou gerado), um ser que pudesse ser chamado de outro Deus verdadeiro, existindo assim dois, ou três ou múltiplos deuses.


Vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR, e meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá. Isaias 43.10[grifo nosso].[3]


Nem antes nem depois. Ainda afirma que é o primeiro e o último, outra forma de dizer que é único e que não há espaço para outro:


Assim diz o SENHOR, Rei de Israel, e seu Redentor, o SENHOR dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus. Isaías 44:6.


O texto é claro, “fora de mim, não há Deus”. Tudo que o NT disser sobre Jesus como Deus precisa estar em harmonia com Isaias 44.6. Se Jesus for um deus gerado, ele seria um segundo Deus, gerado pelo primeiro, um ser que veio depois, é posterior a Deus. Infelizmente é exatamente isso que os semiarianos defendem. Basta ver o que escreveu Eliseu Barros em seu livro O fim dos templos:


Ora, se ele é o Filho único gerado do Pai, ainda que suas origens, as suas saídas, remontem aos dias da eternidade, como descreve Miquéias no capítulo 5:2 é porque em algum momento da eternidade, Ele, Jesus, saiu do Pai, até porque Deus, o Pai não tem princípio! Logo, ele Jesus, é posterior ao Pai (BARROS, 2012, p. 89).


De acordo com esta tese, em algum momento da eternidade, Deus o Pai ficou “grávido” e Jesus nasceu. O Pai não teve princípio, não foi gerado (é ingênito), mas Jesus teve origem. Jesus é posterior ao Pai. Como não entender que aqui está implicado a existência de dois deuses?


A doutrina da Trindade não comete esse disparate teológico. Aceita a plena divindade de Jesus apoiada pela Bíblia. Assim, Jesus como Deus é coeterno com o Pai. Não pode ter princípio ou origem, porque Deus não tem origem. Jesus não pode ser uma “outra” divindade distinta de Deus, ou Ele é “um” com o próprio Deus ou não é.


Será que o título “Deus” dado a Jesus é meramente decorativo, assim, como a Bíblia aplica a Satanás, o deus deste século? (II Cor. 4.4). Aplicaria a Bíblia, o termo “Deus” a Jesus apenas como figura de linguagem? É evidente que não. Pois se assim o fizesse, a Bíblia em parte alguma autorizaria a adoração a Jesus, assim como não autoriza a adoração a Satanás, embora este seja chamado de deus. Jesus é Deus adorado (Heb. 1.5-6; Fil. 2. 5-11). Nele habita toda plenitude da divindade (Col. 2.9).


Assim, em harmonia com a doutrina básica de Deus (Deus é único) e por vários dados da Revelação que afirmam a plena divindade de Jesus como Deus; estamos respaldados pelas Escrituras a confessar este mistério: O Pai e o Filho são eternos e são um “único Deus” (mais adiante demonstrarei que também o é o Espírito Santo).


Somente Deus pode ser adorado. Se Jesus é adorado então ele é Deus. O próprio Jesus disse que só Deus, o Senhor, deve ser adorado e servido:


E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vai-te para trás de mim, Satanás; porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás.  Lucas 4:8.


Assim, se os semiarianos que afirmam que o Deus único é somente o Pai, para serem coerentes, não deveriam adorar a Jesus. Os semiarianos adoram e servem a Jesus?  Sim. Mas o texto é claro “só ao Senhor teu Deus adorará e servirás.” Existe por acaso dois deuses e dois Senhores?  A quem Jesus estava se referindo?  Note que os semiarianos se complicam ao negarem o mistério da Trindade, tentam provar que o único Deus é somente o Pai e ao mesmo tempo adorando e servindo a um ser que não é o único Deus, mas um outro deus gerado (segundo suas próprias crenças). Interpretam alguns textos de forma a excluir o Filho da “divindade única” e acabam adorando dois deuses.[4]


Se Jesus é um deus gerado existiriam dois deuses, um gerador e outro gerado isso é óbvio. A Bíblia se contradiz? Ensinando que somente o Senhor Deus deve ser adorado, e em outra parte ensinando a adorar um ser que não é o único Deus? Ou Jesus é esse único Deus, ou a Bíblia é um livro de contradições. Prefiro a primeira opção.


Se Jesus não for o único Deus e único Senhor e mesmo assim recebesse adoração, estariam pecando: os homens, os anjos e o próprio Jesus. Os anjos e os homens por adorarem um ser que não é o único Deus, e Jesus por aceitar tal adoração.  Mas, Jesus é adorado por homens e anjos sob as ordens do Pai, que autoriza a adoração à pessoa do Filho:


E outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem. Hebreus 1:6.


Isso deveria ser suficiente para entendermos que estamos diante de uma grande verdade e de um grande mistério: O Pai e o Filho são um único Deus. A Bíblia ensina que há apenas um único Deus e um único Senhor, digno de adoração. A lista é extensa, vou citar textualmente apenas alguns:


Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR. Deut. 6:4.


Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro. Isaías 45:22.


Porque assim diz o SENHOR que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o SENHOR e não há outro. Isaías 45:18.


Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim. Deut. 32:39.


E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus, e que não há outro além dele. Marcos 12:32.


E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Marcos 12:29.


E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. João 17:3.


A qual a seu tempo mostrará o bem-aventurado, e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores. 1 Timóteo 6:15.




Diante de tais evidências como alguém pode ensinar que há dois deuses dignos de adoração? Somente seduzido por algum engano.  Creio que estes textos são suficientes para provar pelas Escrituras que Deus é único. E se o NT ensina a plena divindade de Jesus é porque realmente ele é de fato o verdadeiro Deus que as Escrituras falam; do contrário, ou haveria dois deuses ou o NT estaria em desarmonia com o VT. O que implicaria que há contradição na Bíblia e que ela não é um livro confiável. Não podemos concordar com tais conclusões.


Os próprios semiarianos parecem concordar “teoricamente” com a verdade básica do Deus único ao enfatizam que o Pai e este “único Deus.” Citam então alguns textos que “parece” provar sua teoria:


E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviastes. João 17:3.


Mas se contradizem ao ensinarem que Jesus também é divino e possui a mesma natureza do Pai. A posição semiariana sobre a divindade do Filho contradiz a doutrina do único Deus, pois o coloca como “outro deus” da mesma natureza diante do Pai.[5]


Por esta interpretação restrita e excludente (só o Pai é o único Deus) é fácil provar que o único Deus é o Pai e que Jesus é apenas um enviado. Outros textos também parecem dizer a mesma coisa (Efésios 4.6; I Cor. 8.4; I Tim 2.5). Mas se esta interpretação restrita fosse verdadeira, ela se chocaria frontalmente com todos os textos que afirmam que Jesus é verdadeiro e plenamente Deus. Mas, repito, esta interpretação é “estreita” demais e não se sustenta diante de um estudo mais profundo das Escrituras. Esta interpretação restrita não é coerente nem mesmo com a própria doutrina semiariana que diz que devemos adorar a Jesus. Como alguém pode adorar um ser que não é o único Deus? Por acaso podemos adorar dois deuses? Isso não é politeísmo?


Em João 17.1 a vida eterna consiste em conhecer o Pai e a Jesus.  A vida eterna não deveria ser uma concessão feita pelo único Deus? Por que é necessário conhecer também a Jesus? Logo há mais alguém nesse único Deus além do Pai. Note que tentar uma interpretação excludente de alguns textos não faz o menor sentido. Alguns textos afirmam que Jesus é único Senhor, se fossemos seguir a lógica semiariana teríamos que exclui o Pai desta categoria.  Se levarmos esse tipo de interpretação a sério, o Pai deixaria de ser Senhor. Porque Paulo disse:


Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele. 1 Coríntios 8:6.


Por uma interpretação restrita o único Senhor é Jesus, não o Pai. Estaria correta esta interpretação? Os semiarianos estão dispostos a assumir tal posição? É lógico que não. Portanto esta interpretação restrita e essa lógica capenga que nem mesmo eles aceitam é um absurdo e conduz a erro.


Vejo no verso acima uma evidencia a favor da Trindade. Mais de uma pessoa é o único Deus e o único Senhor. Basta comparar com outros textos que afirmam que Javé é o único Deus e único Senhor e que não há outro.


Jesus é Deus e Senhor “plenamente”


Ensina as Escrituras que Jesus é Deus e Senhor?


Vejamos outros textos que exaltam a pessoa de Jesus não como um “simples enviado” do Pai ou um Anjo superior. Seria Jesus um anjo ou semideus?


Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo. Judas 1:4.


Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém. Judas 1:25.


E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! João 20:28.


Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. 1 Coríntios 15:57.


Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo; Tito 2:13.


Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo. 2 Pedro 1:1.


Mas, do Filho, diz: O Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de equidade é o cetro do teu reino. Hebreus 1:8.


No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. João 1:1.


O NT ensina que Jesus Cristo é o Senhor, aqui a palavra empregada e Kyrios, a mesma que a versão dos LXX[6] utiliza para transliterar o nome de YHWH (Iahwéh). Seria Jesus outro Deus e outro Senhor além do único Deus?  Não pode haver mais de um Deus, ou mais de um Senhor a ser adorado. Então pela força do argumento, devemos aceitar que Jesus é um único Deus com o Pai, e não outro Deus. Esta é a verdadeira doutrina bíblica, apenas um único Deus e um único Senhor, e Jesus é esse Senhor e esse Deus verdadeiro junto com o Pai.


Porventura os semiarianos desconhecem os textos que provam a plena divindade de Jesus? Creio que não. Então como eles conciliam os textos que dizem que o único Deus é o Pai com outros que dizem que Jesus é Deus? Bem, eles têm uma explicação não muito criativa para escapar da contradição.


Que tipo de Deus é Jesus? Restrito ou amplo?


O semiarianismo alega que a palavra “Deus” pode ter dois sentidos. Assim como a palavra homem, que pode se referir a um ser do sexo masculino (sentido restrito) ou significar toda humanidade (sentido amplo). O termo homem poderia ser aplicado a Adão e a Eva, com sentidos diferentes.  Aplicam a mesma lógica para o termo “Deus”, ou seja, veem dois sentidos, um “restrito” e outro “amplo”. O sentido restrito é para o Pai, que é Deus no sentido absoluto. O sentido amplo ou lato é aplicado a Jesus.


O raciocínio semiariano procura seguir a seguinte lógica:


1.      O termo Filho do homem e Filho de Deus aparece abundantemente nas Escrituras, numa quantidade maior do que os que dizem que Jesus é Deus.


2.      O Termo Deus pode ser usado no sentido restrito e no sentido amplo.


3.    O termo Deus no sentido amplo é aplicado a Jesus.


A primeira declaração está correta. Os textos que declaram Jesus como Filho de Deus são mais abundantes que aqueles que declaram Jesus ser Deus. Mas a questão doutrinária não é como a política, quando quase sempre quem manda é a maioria. O argumento da quantidade é insuficiente. A segunda declaração procura explorar o sentido “restrito e amplo” que alguns termos  podem ter. Realmente a Bíblia emprega o termo “DEUS” para outros seres de forma figurada ou no sentido amplo, como no caso de Moises, dos deuses pagãos e do próprio Satanás. O problema está na terceira declaração, que afirma que o termo Deus no sentido amplo é aplicado a Jesus.


Da mesma forma, a palavra “Deus” pode assumir um significado restrito ou amplo. No sentido restrito, é correto dizer que apenas o Pai é Deus – assim como dissemos que só Adão é homem. A palavra “Deus no sentido amplo pode significar ser de natureza divina (assim como “homem” no sentido amplo significa ser de natureza humana)”. Nesse caso é correto dizer que Jesus é Deus. Nicotra (2008, p. 86).


Para o semiarianismo, todas as vezes que a Bíblia chama Jesus de Deus quer dizer que ele é um ser “divino” (sentido amplo). Não que ele seja o único Deus (sentido restrito). O fato da Bíblia mostrar que o termo “Deus” pode ser usado num sentido amplo, não prova que foi usado ou aplicado a Jesus nesse sentido. O título Deus é utilizado nas Escrituras com o sentido amplo sim, mas não se aplica a Jesus. Analisemos o texto usado para justificar o argumento. “Responderam os judeus: Não vamos apedrejá-lo por nenhuma boa obra, mas pela blasfêmia, porque você é um simples homem e se apresenta como Deus". Jesus lhes respondeu:


 Não está escrito na Lei de vocês: Eu disse: Vocês são deuses? Se ele chamou “deuses” àqueles a quem veio a palavra de Deus (e a Escritura não pode ser anulada) que dizer a respeito daquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo? Então, por que vocês me acusam de blasfêmia porque eu disse: ‘Sou Filho de Deus’? João 10:33-36.


Jesus é um Elohim?


Notem que o termo “deuses” (no hebraico Elohim, no grego Theos), foi usado no sentido amplo para designar “os ouvintes da palavra de Deus”.  Mas Jesus não é ouvinte da palavra, Ele é a Palavra (João 1.1). Portanto o termo deus (divino) no sentido amplo ou figurado, não é aplicável a Cristo.


Nosso objetivo ao citar o episódio de João 10 foi mostrar que Cristo tentou trazer à mente dos judeus o sentido amplo da palavra “Elohim” traduzido como Deus. Cristo lançou mão das Escrituras onde a Palavra de Deus referia-se a seres humanos mortais (NICOTRA, 2008, p. 87).


Estamos completamente de acordo com parte do argumento do autor antitrinitário.  Jesus deu um exemplo bíblico em João 10 onde Elohim (Deus) foi utilizado no sentido amplo. Mas quem eram esses deuses? “Aqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus”. Existe uma enorme diferença entre aqueles que são chamados de deuses (no sentido amplo do termo) para o Filho, segunda pessoa da Trindade. Nenhum ser chamado de “Elohim” ou “Theos” (no sentido amplo) recebe qualquer tipo de “adoração legítima” enquanto que Jesus recebe.  Jesus não pode ser Deus no sentido que eles são (no sentido amplo do termo).


Exemplos onde o termo “Deus” foi usado no sentido amplo:


1. Pessoas à quem foram dirigidas a palavra de Deus (João 10.33).


2. Moises (Êxodo 7.1).


3. Anjos (Salmo 8.4 e 5; Hebreus 2.6 e 7; Genesis 3.30).


4. Satanás (II coríntias 4.3-4).


5. Deuses pagãos.


Nenhum desses “deuses” (sentido amplo) recebeu adoração legítima. Quem almeja tal adoração é um usurpador de prerrogativas do único Deus.


Jesus é um semideus?


É Jesus um Deus no sentido amplo do termo? Se fosse, não poderia receber adoração. Porque somente o verdadeiro Deus pode ser adorado. Essa interpretação é preocupante e conduz a um erro teológico dos maiores: “há dois deuses”. Um Deus (sentido restrito) e outro Deus (sentido amplo). Um Deus absoluto, e outro deus não absoluto. Isso implica que Jesus é menor ou inferior ao Pai, uma espécie de deus menor. Onde está o discernimento espiritual dos semiarianos?


Os semiarianos percebem o perigo da sua interpretação e por isso procuram amenizar o impacto com as seguintes explicações:


Quando afirmamos que Cristo é Deus no sentido amplo da palavra, sendo que o único Deus no sentido restrito e absoluto é o Pai, não estamos afirmando que Jesus seja um deus de qualidade inferior ou semideus. (...) Assim como a mulher não é um homem (ser humano) inferior por ser homem apenas no sentido amplo, não podemos dizer que Jesus seja um deus de qualidade inferior por ser Deus no sentido amplo da palavra. (Idem., p. 88).


A explicação não consegue resolver o problema.  Vamos considerar o argumento semiariano:


1. Adão é homem (stricto-macho). Tem natureza humana.


2. Eva é homem (lato-humano).Tem natureza humana.


Conclusão: Eva é tão humana quanto Adão. [Corretíssimo].


O erro está em fazer este tipo de analogia com relação a Deus.  Vejamos o argumento aplicado a Deus:


1.    O Pai é Deus (restrito-absoluto). Tem a natureza divina.


2.    Jesus é Deus (amplo-não absoluto). Tem a natureza divina.


Conclusão: Jesus é tão divino quanto o Pai (assim como Eva é tão humano quanto Adão). [ERRO GRAVE].




Qual o problema aqui?


A questão é que não há nenhum problema em Adão e Eva seres dois seres “humanos” distintos.  A raça humana e composta por bilhões de seres humanos. A raça humana não é mono (um) só ser humano, mais poli (mais de um, vários) seres humanos. Há bilhões de seres humanos. E quanto a Deus? Deus é politeísta? Há vários deuses verdadeiros? Não, Deus é um só (mono). O problema do argumento semiariano é usar uma lógica que funciona apenas para seres “poli”. Quando tentam usar essa lógica em relação a Deus, que é “mono” (único) a coisa não funciona. O Pai e o Filho não podem ser duas “divindades” distintas, como Adão e Eva são dois seres humanos. A analogia é totalmente inadequada, pois equivale a dizer que existem dois deuses, assim como Adão e Eva são dois seres humanos.


Percebe as implicações teológicas envolvidas aqui?


Quando a questão é tratar da natureza humana o caso (o sentido amplo e restrito) funciona muito bem. Mas quanto passa a falar de Deus e da natureza divina o exemplo não funciona. A conclusão é que, Jesus é tão divino quanto o Pai, porque tem a mesma natureza do Pai. Mas é outro Deus, distinto do Pai. Ensina porventura a Bíblia que existem dois Deuses adoráveis no universo? A Bíblia diz que só há um único Deus.


Numa tentativa de provar que Jesus não é o verdadeiro Deus, os semiarianos, procuram citar passagens das escrituras que enfatizam que o Pai concedeu ao Filho autoridade, domínio, exaltação, senhorio, e vida dentre os mortos. Ver: Luc 22.29; Apóc. 2.26 e 27; Fil. 2.9; At 2.36; At 5.30 e 31; At 2.24 e 32; Jo 5.26 e At 10.42.[7] Mas isso em nada ajuda, só complica ainda mais a tese semiariana.


Este é um esforço para provar que Jesus só é “divino” porque o Pai “consentiu” que ele fosse divino. Ou seja, somente o Pai é Deus de forma absoluta, o Filho é Deus por “concessão” ou “participação” na natureza divina.


Todo este esforço é vão e não corrobora em nada para dar sustentação a tese semiariana. Pelo contrário, só aumenta ainda mais o contraste entre o Pai e o Filho, provando que são dois deuses distintos, revelando sua total “contradição” com as Escrituras.  Lembre-se, a verdadeira doutrina precisa estar de acordo como o princípio básico da doutrina de Deus: “Deus é único”. Fugir deste princípio é cair em heresia.


Doutrina de dois deuses


A doutrina semiariana implica na adoração a dois deuses: um Maior (absoluto), o Pai; e outro deus (derivado ou por concessão), o Filho.


Vamos ilustrar suas crenças num gráfico simples:


           DEUS O PAI                              DEUS FILHO


           (ABSOLUTO)                                 NASCIDO                    


                          1 + 1 = 2


Quantos deuses existem? Quantos deuses os semiarianos adoram?


Ao analisar os ensinos semiarianos percebemos nitidamente que os mesmos encontram-se em erro ao ensinarem adoração a “dois deuses distintos”.[8]


A doutrina da Trindade diz que Deus é “único” em conformidade com as Escrituras. Boa parte dos antitrinitários ensinam equivocadamente que a Trindade é adoração a três deuses. Afirmam por ignorância ou por falta de alguma virtude cristã.  De qualquer forma, a doutrina da Trindade afirma que só há um único Deus (em três pessoas e chama de mistério). Os antitrinitários acusam os trinitarianos de politeístas, por adorarem um Deus (em três pessoas), mas eles próprios não se colocam nessa categoria, embora adorem dois deuses. É muita falta de coerência. É como se quisessem corrigir os outros, mas não corrigem a si mesmos. O conselho de Jesus é apropriado “tira a trave do teu olho...”.


A doutrina bíblica ensina que existe apenas um único Deus. O Pai é identificado como o único Deus.  Ensina ainda que Jesus é Senhor e Deus. É Jesus outro Senhor e outro Deus distinto do Pai? Não pode ser outro Deus, pois isso poria as Escrituras em contradição. Então só nos resta uma alternativa: confessar que Ele e o Pai são um único Deus. Que Jesus, O Logos eterno, é coeterno e consubstancial ao Pai, embora sejam duas pessoas distintas. A distinção é de hipóstase[9] não de essência.


Vamos explorar no próximo capítulo as implicações práticas de se adorar duas pessoas divinas em vez de uma. Depois avançaremos mostrando os erros dos argumentos semiarianos contra a pessoa do Espírito Santo;  fornecendo respostas esclarecedores a cada aspecto contraditório. Mas, pelo que já foi constatado até aqui, os semiarianos já começaram muito mal, totalmente contradizendo a Palavra de Deus, violentando o princípio mais básico da doutrina de Deus, sua unidade. Assim, já poderia ser descartada como explicação inapropriada. Concluímos que a verdade que pretendem defender é uma verdade aparente.
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[1] Pois, embora ensinem que o único Deus é o Pai, também ensinam à adoração a Jesus.
[2] Embora em João 1.1 se diga que o Verbo estava com Deus e o verbo era Deus, em nenhum momento é dito que ele era um “outro Deus,” mas apenas, “Deus”.
[3] Todos os grifos que estiverem em negrito e em itálico ao mesmo tempo, em textos bíblicos ou em citações de autores, doravante considerar “grifo nosso”.
[4]Que o Pai e chamado de único Deus nas Escrituras é notório e indiscutível.  Mas isto não é toda a Revelação. Pois outros textos dizem que Jesus é Deus, e que é o “único Senhor”. Por Jesus ser o único Senhor, significa que o Pai não é Senhor? Estes textos para fazer sentido precisam ser compreendidos de uma forma inclusiva e não excludente. Para não cair em politeísmo é necessário aceitar a posição Trinitariana.
[5] Quando afirmamos que Cristo é Deus no sentido amplo da palavra, sendo que o único Deus no sentido restrito e absoluto é o Pai, não estamos afirmando que Jesus seja um deus de qualidade inferior ou semi-deus’”. Nicotra (2008, p. 88).
[6] Versão grega das escrituras hebraica, conhecida como Septuaginta ou LXX, conhecida dos apóstolos que dela fizeram uso ao escreverem o Novo Testamento.
[7] Estes textos são melhores compreendidos quando entendermos que o Filho de Deus possuía duas naturezas. Uma divina e outra humana. As pessoas da Trindade têm funções semelhantes e diferenciadas na vida interna da Trindade, e em função do plano da salvação, foram reveladas.  A subordinação do Filho ao Pai não é essencial, mas funcional.
[8] Eles procuram fugir dessa conclusão, mas é inteiramente impossível.
[9] Hipóstase no grego. Persona no latim. Pessoa em português.
ESTE É O CAPÍTULO 2 DO LIVRO "A DOUTRINA DA TRINDADE: RESPOSTA AO SEMIARIANISMO ANTITRINITARIANO.  PARA ADQUIRIR O LIVRO  ACESSAR: http://www.clubedeautores.com.br/book/143003--A_Doutrina_da_Trindade

sábado, 18 de maio de 2013

A Doutrina da Trindade: resposta ao semiarianismo

INTRODUÇÃO
Para o cristão conservador ou fundamentalista a Bíblia é a Palavra de Deus inspirada pelo Espírito Santo (II Ped.1: 21). É  a norma e fonte autoritativa em questões doutrinárias. Por meio dela Deus se revela como o único Deus verdadeiro. A especificidade da religião revelada em relação às religiões pagãs consiste em adorar um único e verdadeiro Deus. Os verdadeiros adoradores, desde a época de Abraão, Isaque e Jacó adoraram um único Deus (Deut 6.4). Eram, portanto monoteístas, enquanto que os povos das nações eram politeístas. Assim, para a fé monoteísta é inconcebível a existência de múltiplos deuses. O próprio Deus revelou isso no coração da lei mosaica: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20:3). Nesta perspectiva, somente o Deus verdadeiro e único é digno de adoração e nenhum outro deveria ser adorado: nem anjos, nem homens, nem criatura alguma que não seja o “único Deus”.

Porem, o Novo Testamento (NT) nos revela uma “segunda” pessoa divina distinta do Pai: o Filho de Deus. Ele recebe  adoração e louvores. Ele é o Logos de Deus que era Deus (João 1.1). Também apresenta o Espírito Santo como um ser divino, pessoal, intimamente relacionado com o Pai e o Filho, porem distinto de ambos. Ele é o outro Consolador prometido por Cristo a seus discípulos. Os dados estão na revelação, porem não nos foi explicado conceitualmente como pode existir um único Deus e ao mesmo tempo haver três pessoas divinas. Sabemos que o NT não foi escrito na forma de um manual doutrinário ou compêndio de teologia sistemática, e assim não encontramos a doutrina de Deus e das três pessoas divinas conceituada na Bíblia. Essa ausência de conceituação doutrinária ocorre em relação a outras doutrinas. É notório que o NT não foi escrito no formato de uma “enciclopédia teológica”, contendo as crenças da igreja cristã sistematizadas. As verdades doutrinárias estão quais joias dispersas por toda a Bíblia, e precisam ser reunidas, organizadas, conceituadas para ter sentido e assim formar um corpo doutrinário coerente. Como disse Isaias: “Porque é mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra e mais regra, um pouco aqui, um pouco ali.” Isaías 28:10. A tarefa de reunir os dados,  organizar e conceituar a doutrina cristã,  coube a um período posterior; e cabe a cada um de nós, averiguar se esta tarefa foi bem feita ou não. Precisamos saber por nós mesmo se a doutrina cristã é defensável à luz da Bíblia ou se é mera tradição sem embasamento bíblico.

A necessidade de explicar a doutrina de Deus surge com toda força no período pós-apostólico. Principalmente porque o mundo grego-romano estava ouvindo o evangelho; o evangelho que dizia que um judeu do século I era Deus (João 1.1). Isso precisava ser conciliado com o conceito de “um único Deus”. Explicar de forma coerente não foi fácil e surgiram várias tentativas; mas não foram aceitas por negarem um ou outro aspecto da Revelação. Era preciso uma “fórmula” que pudesse explicar e harmonizar todos os dados da revelação sem entrar em contradição. Esta questão alimentou os debates teológicos durante os cinco primeiros séculos da história da Igreja. A explicação prevalecente foi resumida numa fórmula conhecida como Trindade. [1]

Em alguns momentos da História da Igreja grupos heréticos surgiram ensinando ideias distorcidas e rejeitando a doutrina da Trindade.  Atualmente seus herdeiros tem procurado semear tais ideais qual joio no campo do Senhor. O resultado tem sido cristãos renegando suas crenças, abandonando suas congregações para se unirem a grupos antitrinitarianos, e o pior, renegando a verdade revelada. Estas correntes são conhecidas como: unitarianos, unicistas, arianos e semiarianos. Todos estes negam a Trindade em algum aspecto; ora suas ideias se assemelham, ora se diferenciam entre si, havendo variantes mesmo numa mesma corrente.

Este texto tem como objetivo analisar os principais argumentos antitrinitários, em especial a corrente semiariana e oferecer uma apologética (uma defesa da fé) Trinitariana. Entendemos que certo “zelo” misturado à falta de conhecimento tem sido a causa de tantos serem levados por estes ventos de doutrinas. Às vezes até se tem algum conhecimento, mas superficial e mal organizado. A apologética é útil ao fornecer aos cristãos argumentos precisos, organizados e eficientes. É importante saber defender eficazmente a fé cristã para o nosso benefício espiritual e para preservação da sã doutrina.  Não devemos ser havidos por debates, mas devemos estar preparados para eles. Veja o que escreveu o apóstolo Pedro: “Antes, santifiquem Cristo como Senhor no coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês”. 1 Pedro 3.15.

Quando desafiado a explicar a doutrina da Trindade você consegue fazê-lo com coerência? Consegue reunir um conjunto de textos bíblicos e fazer uma exposição bem fundamentada? Quando um unicista, ariano ou semiariano o desafia com argumentos que negam a Trindade, você consegue respondê-los com um claro “assim diz o Senhor”? Ou diz que vai consultar um especialista? Creio que não precisamos fazer uma “cruzada” aos antitrinitarianismo, mas quando chamados a dar testemunho da nossa fé, ou quando percebermos que pessoas queridas estão precisando de ajuda, não devemos retroceder.  

Que corrente doutrinária consegue explicar melhor a doutrina de Deus? O antitrinitarianismo ou o Trinitarianismo?  Uma boa doutrina de Deus deve contemplar “todos” os dados da revelação, reunindo e formando um todo harmonioso. Deve ser coerente do começo ao fim de sua exposição. Tem que argumentar de forma clara e em harmonia com a Bíblia, com o cuidado de não violar as Escrituras. Veja abaixo vários aspectos (entre outros) em que o semiarianismo violenta as Escrituras:

a)      Destrói a unidade do Deus único.

b)      Adora mais de um Deus.

c)      Cai em politeísmo.

d)     Nega a plena eternidade do Filho de Deus.

e)      Quebrar o 1º mandamento da lei de Deus.

f)       Nega a personalidade do Espírito.

g)      Impede que Deus habite no salvo.

         Nos dias de hoje, são pouco as pessoas de espírito autônomo, investigadores da Palavra, a maioria apenas repetem o pensamento alheio. Isso ocorre em ambos os lados; há trinitarianos que nunca estudaram profundamente a doutrina, e antitrinitarianos que só sabem repetir o que ouviram em algum DVD ou leram em alguma página da web. Estas pessoas não precisam ser condenadas ou perseguidas, mas precisam ser corrigidas de forma sábia, amorosa e verdadeira. Caso não se convertam à verdade, devem estar preparadas para sofrer a disciplina eclesiástica de suas denominações de origem. Pois nenhum sistema organizado tolera dissidências.  O primeiro dissidente foi Satanás no céu. O sistema de governo do céu não tolerou sua dissidência, após fracassar todos os esforços para convencê-lo dos seus erros. Ele foi expulso do céu porque não comungava do mesmo espírito e não compartilhava dos mesmos ideais. Talvez preferisse continuar no céu, na congregação dos justos, para enredar mais anjos em seu engano. Deus sabiamente o expulsou.

O que é uma heresia? É uma mistura ou combinação de ideias verdadeiras com ideias falsas. Geralmente ocorre quando se enfatiza exageradamente um aspecto da verdade em detrimento do restante. Por exemplo, a Bíblia diz que a salvação é pela graça mediante a fé. Mas também diz que a fé sem obras é morta. Podemos enfatizar tanto a justificação pela fé ao ponto de acharmos que não há necessidade de obedecer aos mandamentos de Cristo. Ou enfatizar as obras ao ponto de cair no legalismo. Uma heresia pode ser muito convincente, pois se baseia em parte da verdade. É necessário ter muito discernimento para não cair no erro.

Quando uma heresia é propagada no seio da igreja de Cristo ela quebra a unidade da fé. Começam as disputas e o espírito de crítica e partidarismos toma conta dos irmãos, que antes viviam harmoniosos. Nem sempre é possível ter todos os crentes unidos em todos os aspectos doutrinários. Isso não deveria incomodar a liderança da igreja. Toda igreja tem seu corpo de doutrinas básicas. Creio que não há problema que tenhamos ideias particulares sobre determinado assunto, desde que não divirja das crenças cristãs fundamentais e que não se faça proselitismo das mesmas. Se suas opiniões são significativamente divergente das defendidas pela igreja na qual congrega e não consegue guarda-la para si, creio que deveria ser honesto e procurar outra congregação com a qual possa se identificar. Ficar na igreja discordando e criticando de tudo e de todos, a fim de receber a merecida exclusão do rol de membros e  alegar que foi perseguido por causa do evangelho, no mínimo de parece artimanha diabólica.

Nesta obra não faremos uma apresentação sistemática da doutrina da Trindade[2]. Nosso método consistirá em analisar os principais argumentos semiarianos à luz da verdade bíblica, demostraremos como o semiarianismo é autocontraditório e incompatível com a Bíblia. Assim, oportunizaremos aos cristãos trinitários o aprofundamento de seus conhecimentos, e aos semiarianos uma auto reflexão.

 A doutrina de Deus não é assunto fácil. Mas sem dúvida é de suma importante. Às vezes, poderá ocorrer que precise reler certos trechos deste livro, para captar melhor as ideias aqui tratadas. Leia todos os textos citados, em sua própria Bíblia quantas vezes for necessária. Ore a Deus e peça seu Espírito Santo para te conceder sabedoria e discernimento. Um assunto difícil merece atenção e oração especial. No dia final, todos individualmente teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo.



[1] Sobre a história da doutrina ver capítulo 11 deste livro.
[2] Para este fim, ler:  WHIDDEN, Woodrow; MOON, Jerry; REEVE, John W. A Trindade: como entender os mistérios da pessoa de Deus na Bíblia e na história do cristianismo. 2. Ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006.

ESTA É A INTRODUÇÃO DO LIVRO A DOURINA DA TRINDADE:RESPOSTA AO SEMIARIANISMO ANTITRINITARIANO. PARA ADQUIRIR A OBRA ACESSAR: http://www.clubedeautores.com.br/book/143003--A_Doutrina_da_Trindade