sexta-feira, 21 de outubro de 2011

ARTIGO: A INFABILIDADE E INERRÂNCIA DA BIBLIA


A BÍBLIA: INERRANTE OU ERRANTE?
Resumo
As  Escrituras Sagradas, composta pelo Antigo e Novo Testamento, são a infalível e inerrante palavra de Deus. Constituindo-se uma revelação escrita de Deus  visando a salvação dos homens.  Ela foi escrita por homens santos, profetas e apóstolos que falaram e escreveram movidos sobrenaturalmente pelo Espírito Santo.  A inspiração atuou por mais de uma forma, ora ditando as palavras ora iluminando e inspirando idéias e palavras na mente do escritor bíblico. Dirigindo a mente do escritor a fontes fidedignas em sua pesquisa, usando seus atributos intelectuais e literários, mas de tal forma que o que escreveram foi a palavra de Deus.  As Escrituras são totalmente inspiradas por Deus, por isso são  inerrante e autoritativa. Desde os primórdios da fé monoteísta, logo que a Palavra de Deus foi escrita por Moises,  o povo de Deus recebeu com reverencias estes escritos como a autoritativa palavra de Deus. A estes escritos foram acrescidos os escritos dos profetas que tinha o sinal da autenticidade divina. E assim ao longo do Velho e do Novo Testamento, o povo de Deus, Jesus e os apóstolos receberam as Escrituras como a inspirada palavra de Deus. Os pais da igreja assim também o fizeram e a igreja sempre reverenciou a palavra do Senhor. Antes e depois da reforma, no protestantismo ou no catolicismo a Bíblia sempre foi digna de reverencia e respeito. Mas esta posição de palavra “inspirada e infalível” foi contestada em tempos mais modernos, desde o surgimento do iluminismo  e do racionalismo. Uma corrente de pensadores e sábios denominados de  “teólogos liberais’ tem negado o aspecto sobrenatural da Bíblia.

INTRODUÇÃO

Este  trabalho aborda  o tema da inerrância bíblica o que forçosamente conduzira a pesquisa a um outro tema: a inspiração da Bíblia. A relevância desse tema não deve ser subestimado, vista que as três maiores religiões do mundo sofrem influência direta deste livro sagrado. A importância e autoridade das Escrituras é tema debatido em todos os círculos cristãos e este trabalho visa apresentar uma perspectiva desses debates. Será feito um resumo da doutrina da inspiração deste  os tempos do Antigo Testamento até os dias atuais.  Em esboços gerais será mostrado um pouco daquilo que cristãos sempre creram em relação à inspiração da Bíblia. Em vista do desafio que tem sido enfrentado nessas últimas décadas com  relação a teologia liberal e seu ponto de vista quanto a inspiração, este trabalho também irá discutir essas idéias novas que vem confrontando o pensamento tradicional acerca da inspiração.
O primeiro capítulo abordará o tema  da autoridade da Bíblia, sua relação com  inspiração e as várias teorias da inspiração.  No capítulo dois trata da doutrina da inspiração ao longo da história, começando pelo ponto de vista judaico, que serviu de inspiração para os cristãos do Novo Testamento, seguindo pela patrística, Idade Média e reforma protestante. No capítulo três  adentramos os tempos modernos e faz-se uma pequena análise sobre o Iluminismo, revolução intelectual que afetou diretamente a teologia e os modos de estudar a Bíblia.  As novas adaptações feitas pela Teologia Liberal frente à crítica dos racionalistas. As reações de teólogos fundamentalistas frente a estes novos tempos e novas idéias acerca da inspiração.  Demorando-se um pouco mas sobre a neo-ortodoxia e sua visão das escrituras. E as declarações do Concilio Vaticano II sobre a inerrancia das escrituras.


1 A BÍBLIA: INERRANTE OU ERRANTE?
Acreditar ou não que a Bíblia é a inerrante e infalível Palavra de Deus é crucial para determinar que tipo de influência ela exercerá  na vida  do cristão. A visão que se tem desse assunto afetara de modo direto o grau de compromisso que se terá com  a Palavra de Deus.  Até que ponto pode-se confiar na Bíblia? Pode ela estar certa em assuntos de fé e religião mais errada em assuntos como ciência e história? Ela é totalmente confiável ou parcialmente confiável? As escrituras devidamente interpretadas se contradizem com a ciência corretamente elaborada? Pode haver contradição entre a revelação escrita e a revelação geral encontrada nas obras criadas? 
1.1  Autoridade da Bíblia
Como saber que a Bíblia é uma norma autoritativa para o homem nos dias modernos? Como se deu o processo da inspiração? Os autores bíblicos foram parcialmente inspirados ou plenamente inspirados? A ação  divina se deu apenas no autor e não nas palavras ou em ambos?
Que posição pode ser defendida como segura e autenticamente bíblica? Pode-se definir a posição bíblica sobre a questão da inspiração diante das especulações humanas dos eruditos e dos críticos da Bíblia?
Que tipo de conceito sobre a inspiração pode-se  crer ser a verdade: a  dinâmica (só o autor foi inspirado, as palavras não), plenária (tanto o autor como as palavras foram inspiradas, porem não ditadas), na mecânica (Deus ditou cada palavra da Bíblia) ou a indutiva (Deus não inspirou nada, a Bíblia é obra meramente humana)?
Por incrível que pareça um assunto tão fundamental como esse é motivo de divisão e discórdia no meio evangélico e católico. Por que não dizer no cristianismo em décadas passadas e atuais. Pode-se afirmar que a doutrina da inspiração é um divisor de águas entre os teólogos conservadores e os liberais.
Os teólogos liberais tendem a negar todo elemento sobrenatural das Escrituras, como o nascimento virginal, a morte vicária, a ressurreição etc. e por fim a própria inspiração sobrenatural da Bíblia. Resumindo negam as doutrinas fundamentais do cristianismo. Os teólogos liberais tem defendido praticamente um semi-ateísmo.
Por outro lado temos os teólogos conservadores que por sua vez estão divididos em algumas posições acerca da inspiração. Uns acreditam que a Bíblia é parcialmente inspirada (o que não é nada conservador). Estes ao se depararem com alguma dificuldade no texto bíblico até então não solucionadas, atribuem erro as escrituras. Crêem numa errância bíblica em questões de ciência, história, números etc. O que garante que também não contenha erros teológicos?
Há porem aqueles que concluem que a Bíblia é a inerrante Palavra de Deus. Que embora não seja um manual de ciência ou história, é infalível em todas as questões que aborda. Aquilo que as escrituras afirmam na área da ciência, embora usando uma linguagem popular, como a criação do homem e a história do dilúvio, que a ciência ainda não é capaz de explicar, devem ser cridas como milagre e aceito pela fé. Pois Deus e sua palavra são infalíveis e ambos não podem mentir; que ambos, tanto o autor como as palavras escritas na Bíblia, são inspiradas por Deus. Acreditando assim numa inspiração plena e total das Escrituras.  Não confundir com a idéia do ditado, inspiração mecânica. Isso já é uma outra coisa.
Portanto para sustentar a genuína doutrina Bíblica da inerrância da Palavra de Deus precisamos aceitar a inspiração plena das escrituras. Do contrário, entraríamos numa confusão e num debate interminável sem precedentes, para determinarmos o que é ou não inspirado.   Entraríamos no campo da especulação humana, das opiniões, relativizariamos a palavra de Deus de acordo com gosto e preconceitos pessoal. Perderse-ia num caos de opiniões e teorias humanas.
Segundo Shaffer (1982) na década de 1930 os cristãos bíblicos presenciaram a avalanche crescente do liberalismo dentro das denominações conservadoras nos Estados Unidos. Sem dúvida esse movimento representava uma ameaça a verdadeira forma de crer e compreender a Palavra de Deus. Estava sendo colocado em dúvida a doutrina da inspiração plena das escrituras.  J. Gresham Machen e outros estudiosos famosos estavam unidos em defesa de uma compreensão fiel da inerrancia Bíblica.  Defendiam o que acreditavam ser a posição histórica do cristianismo: “a Bíblia é a Palavra de Deus, sem erros em todas as áreas que menciona. Todas as áreas, e não somente nas questões religiosas”.
Católicos e protestantes tinham em comum a doutrina da inerrancia Bíblica. Mais isso foi até que o antigo liberalismo controlasse grande parte das denominações e seminários (1900-1930) protestantes. Segundo Shaffer foi com o Concilio Vaticano II que uma posição mais liberal foi sendo aceita por uma parte dos teólogos católicos, renunciando a posição clássica da inspiração das escrituras.
Shaffer cita Kirsopp (teólogo católico) que embora inimigo da visão clássica, referindo-se a visão fundamentalista, diz se tratar de uma posição antigamente sustentada  universalmente por todos os cristão.
Shaffer  (1982, p. 17) na Obra O Alicerce da Autoridade Bíblia (obra composta por eruditos, editado por James Mongomery Boice), cita F.C.Grant em Introduction To New Testament Thought: “O que esta escrito nas escrituras é a obra da inspiração divina, e, portanto, fidedigno, infalível e inerrante... nenhum escritor do novo Testamento sonharia em questionar uma declaração contida no Antigo Testamento.”
Segundo ( SHAEFFER, 1982, p.19 e 20):

Ninguém entre nós deve querer ver uma repetição da feiúra da década de 1930. Nós, que defendemos o conceito da Palavra de Deus sem erros, não somente quando fala acerca de história e das normas morais, devemos tomar o cuidada de viver em conformidade com a palavra que nos é tão querida, segundo dizemos, e isto certissimamente inclui o amor para com aqueles (muitos dos quais realmente são irmão e irmãs em Cristo) que, segundo pensamos, estão fazendo no tempo presente um erro terrível e destrutivo no seu conceito da Bíblia.

Os estudiosos dos nossos seminários deveriam rever esta questão e não permitir que a metodologia empirista racionalista de alguns eruditos protestantes e católicos se imponham no meio do povo de Deus,  desviando a atenção do conceito da Bíblia inerrante; uma bíblia que não tem erros mesmo quando fala de ciência ou história, e não somente quando fala de salvação. Este é um grande desafio que para o povo de Deus.
Para Shaeffer temos uma responsabilidade diante de Deus,  com amor e oração, mantermos firmes na crença de uma Bíblia inerrante, numa Bíblia plenamente inspirada por Deus,  já que Deus não pode se contradizer ou mentir.
Alguns querem que seja o contrário, que a Bíblia é meramente um livro de histórias ou apenas um livro parcialmente inspirado. Onde apenas os autores foram inspirados não as palavras. Mas a própria Escritura testifica: “Toda escritura é divinamente inspirada por Deus.”  - II Tim 3.16, e o que é uma escritura?  Note que o texto não diz: “Todo escritor” sagrado foi inspirado, mas “toda escritura” É divinamente inspirada. Essa era a crença de Cristo e dos apóstolos. Não vejo porque abdicar dessa posição histórica para acomodar-nos a uma fé que se harmoniza mais com ao pensamento dos eruditos liberais do que com o pensamento de Cristo e dos apóstolos.

1.2 Inspiração da Bíblia
Inspiração é um termo técnico  que indica a influência direta e ativa de Deus sobre os autores humanos dos livros sagrados. Esta palavra ocorre duas vezes no novo Testamento em II Tm 3.16  onde diz que “todas escritura é divinamente inspirada” e em II Pd 1.21 que diz que “nenhuma profecia é de particular interpretação, homens santos falaram  movidos pelo Espírito Santo”.  O primeiro texto fala das Escrituras em si, enquanto que o segundo fala dos escritores santos.
Segundo  (PACKER , 2006, p.43):
A palavra “inspiração” vem do latim e é a tradução do termo theópneustos de 2 Tm 3.16, (...)  Inspirado por Deus, conforme consta na ARA, não é m texto melhorado em relação a RC, pois theópneustos significa respirado por Deus para fora em vez de para dentro – divinamente ex-pirado, em vez de ins-pirado.” (...)
As palavras de Paulo significam, não que as escrituras sejam inspiradoras (embora isso seja verdade) mas que a Escritura é um produto divino, devendo se encarada e avaliada como tal.

A doutrina cristã herdou da religião judaica o conceito de “livros inspirados” inerrante e autoritativos.  Os judeus acreditavam em níveis diferentes de inspiração enquanto que a tradição cristã aceita a totalidade das escrituras em um mesmo nível.

1.3 Teorias da Inspiração
Embora aceita e crida por cristão no mundo inteiro a Bíblia e a sua inspiração tem sido alvo de várias interpretações. Existem várias teorias que procuram explicar o fato da inspiração.  Talvez as que recebem maior destaque sejam:
1.3.1 Teoria natural -  Esta teoria ensina que homens, dotados  de inteligência e capacidade mental, gênio e qualidades especiais, como Camões, Rui Barbosa, etc, escreveram a Bíblia. Nada houve de sobrenatural ou divino. Os teólogos liberais adotam este tipo de pensamento.
1.3.2 Teoria da inspiração divina comum – A inspiração dos escritores bíblicos  é a mesma que hoje se pode ver na experiência de cristãos que oram, meditam ensinam e andam em comunhão com Deus. Semelhante a teoria anterior, é comumente defendido por teólogos liberais.
1.3.3 Teoria da inspiração parcial – como o próprio nome sugere, ensina-se que parte da Bíblia foi inspirada, outras não. A Bíblia contem a Palavra de Deus, mas não é totalmente inspirada.
1.3.4 A teoria mecânica ou ditado verbal -  Neste caso toda as palavras da Bíblia foram ditadas por Deus, não deixando  espaço algum para a personalidade ou capacidade literária do escritor bíblico. Como se Deus tivesse colocado um gravador ou uma fita dentro da mente do escritor e ele tivesse apenas que reproduzir exatamente igual como  o original.
1.3.5 Teoria dinâmica ou das idéias
           Segundo esta teoria Deus não inspirou as palavras, mas somente o autor. A inspiração se deu na mente do escritor no nível apenas das idéias, não nas palavras. Para sustentar esta teoria alegasse a variedade de estilos literários na Bíblia. 
            Packer, (2006, p.49) apresentando o argumento daqueles que não acreditam na inspiração da palavra  afirma:

A liberdade com a qual os escritores do Novo Testamento cotam o antigo Testamento (seguindo a Septuaginta, os targuns ou uma tradução livre do hebraico, como9 melhor lhes convinha) é considerada prova de que eles não acreditavam na inspiração das palavras originais. Mas seu interesse não estava nas palavras como tais, mas em seu significado. Alem disso, estudos recentes tem comprovado que essas citações são interpretativas e explicativas – uma maneira de citação muito usada entre os judeus.  Nesse método, os escritores procuram mostrar o verdadeiro significado e aplicação (isto é, o significado e aplicação cristãos) do texto pela forma como  o citam. Na maioria das vezes, esse  significado é alcançado de maneira obvia pela aplicação estrita dos princípios teológicos bem definidos acerca da relação de  Jesus e a igreja com o Antigo Testamento.
                                  

1.3.6  Teoria Plenária ou verbal
               Os escritores não foram máquinas inconscientes, mas que participaram ativamente no processo, com sua capacidade e gênio, com suas habilidades literárias. Ouve cooperação entre  eles e o Espírito Santo que os capacitava a receber e transmitir a  Palavra de Deus; a falar e a escrever a Palavra de Deus  de forma que, tanto o autor quanto suas palavras foram inspiradas.  Esta obra, que Deus realizou no homem é inexplicável. Assim, como é inexplicável  a obra de converter e santificar o cristão.
***
BREVE POSTAREI A SEGUNDA PARTE.
ABRAÇO A TODOS. COMENTEM O QUE ACHARAM DESTE TEXTO.
PROF.SOBREIRA

2 comentários:

  1. Admiro sua pessoa e desejo sucesso se puder ajudar em algo é so dizer. Felicidadese sucessos com o blogspot Acredito que sera uma fonte para os estudantes de Teologia As vezes tenho vontade de voltar para o curso .Continuo uma ovelha sem canto
    Abraços
    Dione Fonseca

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    1. Olá Dione, tudo bem? Obrigado por comentar. Desejo-lhe muito felicidade e saiba que o Bom Pastor Jesus Cristo tem um "canto" especial para você no seu amplo aprisco.

      fique com Deus.

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